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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

Encontro agroalimentar reúne empresários de Loures

13.10.2014

Dezenas de empresários do setor agroalimentar do concelho de Loures reuniram-se, no dia 9 de outubro, no Instituto Superior Técnico (IST), na Bobadela, para debater o tema da irradiação dos alimentos.

Encontro-Agroalimentar

 

A irradiação dos alimentos carateriza-se por ser eficiente na conservação, eliminação e redução de microrganismos, parasitas e pragas, sem causar qualquer alteração do alimento, tornando-o mais seguro para o consumidor. Foi esta a ideia-chave que norteou o encontro que reuniu representantes de algumas empresas do concelho de Loures, como Kilom, Montiqueijo, Sebol e Chafariz, entre outras.
Arlindo Oliveira, presidente do IST, abriu a sessão que decorreu no auditório do polo de Loures, na Bobadela, dando destaque à Unidade de Tecnologia de Radiação (UTR) que a instituição possui, detentora de “uma grande capacidade para aplicar essa mesma tecnologia no mundo real, na economia, acrescentando valor aos produtos, pela sua simplicidade de utilização e por proporcionar aos alimentos um maior tempo de prateleira, mantendo a sua qualidade”.
Presente esteve também António Pombinho, vereador responsável pelo pelouro das atividades económicas, que se centrou “no trabalho em conjunto entre entidades que, em Portugal, estão pouco habituadas a fazê-lo”, ou seja, “a parceria entre universidades e empresas”. 
“Cabe à Câmara de Loures disponibilizar a sua rede de contactos e tirar partido da sua relação com os agentes para tentar ser o cimento que liga estas entidades. É o que estamos a fazer com o IST.”
“Esta é a nossa aposta e aquilo em que acreditamos, pois desta forma estamos a criar empresas melhores e mais desenvolvidas e, ao mesmo tempo, a aproveitar o que de melhor tem o meio universitário”, concluiu o vereador.
A sessão continuou com Eduardo Alves, investigador do IST, a desmistificar algumas questões que envolvem as radiações. “Sem radiação não existe vida”, argumentou o cientista. “Cada um de nós é um objeto radioativo. Até quando estamos a dormir emitimos radiação para o parceiro do lado. Ao comermos uma simples banana, estamos a receber radiação do próprio alimento porque tem muito potássio.”
Ainda antes da visita à UTR e ao laboratório de ensaios tecnológicos, a investigadora Sandra Cabo Verde teve como missão explicar as vantagens e a forma como se processa a descontaminação e conservação dos alimentos por irradiação.
Apesar de cerca de 40 países em todo o mundo já utilizarem esta técnica numa panóplia de alimentos, em Portugal, a legislação apenas permite a sua aplicação em plantas aromáticas e medicinais. As plantas são geralmente secas ao ar livre, o que as expõe a um elevado nível de contaminações naturais, podendo estar presentes microrganismos de risco para a saúde pública.
As exigências da indústria alimentar e farmacêutica que comercializam estes produtos vieram permitir uma colaboração do IST, no âmbito de um projeto Proder, intitulado AROMAP – Preservação de plantas aromáticas condimentares, onde se pretende validar a descontaminação por irradiação em plantas de elevado interesse comercial, preservando as suas características principais.


A tecnologia

A irradiação é um processo físico em que os alimentos são expostos a radiação ionizante de alta energia (dose e tempo controlado), com o objetivo de melhorar a segurança dos alimentos. É um procedimento que não deixa resíduos tóxicos, não aumenta a temperatura do alimento e as alterações sofridas pelos componentes nutricionais são, em geral, inferiores a outros tipos de processamento de alimentos. 
O uso da irradiação encontra-se validado por organismos internacionais, como a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a OMS (Organização Mundial para a Saúde) e na União Europeia pela Diretiva 1999/2/EC.
Apesar de todas as vantagens desta técnica, Sandra Cabo Verde salientou o desconhecimento por parte dos consumidores, a que se associam alguns preconceitos, e que acabam por ser reforçados pela legislação que obriga a uma rotulagem específica para alimentos irradiados, como seja “Radura” ou “Tratado por irradiação”.

 


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