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Têxtil Gramax Internacional

Município de Loures apoia trabalhadores da ex-Triumph

22.12.2017

Em luta contra os salários em atraso e o processo de insolvência, que põe em causa 463 postos de trabalho, os trabalhadores da Têxtil Gramax Internacional, antiga Triumph, manifestaram-se, no dia 21 de dezembro, no Largo de Camões, em Lisboa.

  • Município de Loures apoia luta de trabalhadores da ex-Triumph
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Depois de ter sido adquirida, em setembro de 2016, pelo grupo Gramax Capital, e mudado o nome para TGI – Têxtil Gramax Internacional, a antiga Triumph, sediada em Sacavém, volta a ter em perigo a manutenção dos postos de trabalho de 463 trabalhadores.

Numa nota à imprensa, o Sindicato dos Trabalhadores Têxteis refere que os trabalhadores, que no dia 21 de dezembro se manifestaram no Largo do Camões, não receberam a totalidade do ordenado de novembro nem o subsídio de Natal, “sendo também previsível que não paguem o salário de dezembro”.

De referir, ainda, que no passado mês de novembro, a TGI havia apresentado ao Ministério da Economia um plano de reestruturação, o qual previa a redução de 150 postos de trabalho, através de uma rescisão por mútuo acordo. Segundo o sindicato, os trabalhadores foram informados da decisão de avançar com um processo de insolvência pela TGI.

Em causa está o facto de a empresa não ter conseguido criar uma carteira de encomendas que assegure a sua continuidade. Segundo o comunicado à imprensa, “já vendeu uma parte do património em Camarate, reduziu as retribuições dos trabalhadores entre 40% a 50%, através da redução dos prémios de produção. De 1 de outubro a 15 de novembro, mais de 50% dos trabalhadores da produção estiveram em casa por falta de trabalho”.

Bernardino Soares esteve presente na manifestação, demonstrando a sua “solidariedade nesta hora difícil que a empresa está a atravessar”. Uma empresa que, de acordo com o presidente da Câmara de Loures tem “muita tradição de produção, é constituída por trabalhadores de qualidade, e que, durante muitos anos, criou riqueza e deu lucros a quem era dono dela”.

“Temos acompanhado este processo desde o seu início, e foi graças à luta dos trabalhadores que a empresa não foi encerrada, pois era isso que alguns pretendiam”, relembrou. “Esta empresa tem de continuar e, para isso, deverão ser feitos todos os esforços para que, com estes ou outros donos, os postos de trabalho possam ser mantidos”.

“É o trabalho de uma vida inteira para alguns e que não pode agora desaparecer por qualquer processo de insolvência que acabe com os direitos de quem ali trabalha, para levar o dinheiro para outro sítio qualquer”, referiu Bernardino Soares. “Esta situação é desastrosa para o concelho de Loures, não só pelo prejuízo para as vidas dos trabalhadores, mas também por aquilo que significa para o concelho, que é mais desemprego e falta de criação de riqueza”.

Lucinda Carvalho, trabalhadora com 40 anos de casa, lamenta que os trabalhadores “andem a sofrer há três anos com esta instabilidade”. Para a controladora de qualidade, a situação “tem causado um desgaste muito grande” e relembra que enquanto contaram com as encomendas da Triumph “ia aparecendo trabalho, as peças iam saindo, recebíamos o ordenado e as coisas iam fluindo”.

“Sem as encomendas Triumph e apenas com as de outros clientes, não é possível ter rentabilidade porque são clientes mais pequenos”, referiu Lucinda. “Em novembro a administração afixou um papel a informar que nos pagariam o subsídio de Natal até dia 15 de dezembro. Foram tão trapaceiros que, na semana seguinte, cortaram-nos cinco dias no salário sem darem uma explicação”.

O secretário-geral da central sindical CGTP também esteve presente na manifestação, tendo considerado que a situação da empresa “é um crime contra os direitos dos trabalhadores e contra a economia nacional”. Arménio Carlos sublinhou o facto de “alguém de má-fé ter entrado num negócio, sabendo de antemão que, a curto-médio prazo, iria processar toda uma lógica no sentido de fechar a empresa e levá-la à insolvência”.

“É preciso que o Governo também tenha uma intervenção aqui. É preciso que encontre investidores e soluções para voltar a pôr as pessoas a trabalhar”, apelou. “ A TGI tem de explicar o que está a pensar fazer para rentabilizar as competências dos trabalhadores, para, no mais breve espaço de tempo, assegurar que retornam ao mercado de trabalho e voltem a produzir”.

A antiga fábrica de roupa interior da Triumph foi comprada em setembro de 2016 pela Gramax Capital, na sequência da decisão da multinacional de desinvestir na produção industrial em Portugal. O grupo de investimento fundado em 2011 por Alexander Schwarz e Achim Pfeffer, com sede na Suíça e na Alemanha, garantiu, na altura, a manutenção dos quase 500 postos de trabalho e a continuidade da empresa.

Desde dezembro de 2015 os trabalhadores da Triumph fizeram diversas ações de luta. A 17 de dezembro de 2015 concentraram-se no Largo Real do Forte, em Loures, e no início de maio de 2016 realizaram uma marcha lenta entre a praça Luís de Camões e a Assembleia da República com uma paragem no Ministério da Economia, em Lisboa. O Município de Loures promoveu ainda, no dia 28 de maio, um espetáculo de solidariedade pela manutenção dos postos de trabalho.

 


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