“Nós consideramos que é uma decisão, claramente, orientada por critérios políticos, quer pela altura em que acontece, quer pelo seu conteúdo, e que despreza todas as questões colocadas pelos municípios e pelos trabalhadores, não só em relação aos seus direitos, mas também em relação a questões de concorrência. A situação que está aqui criada é muito negativa para os municípios, para as populações, que vão ter um aumento de tarifa, e para os próprios trabalhadores. E o que exigimos é que o próximo Governo, seja ele qual for, reverta esta decisão. Trata-se de uma decisão demasiado grave para ficar presa por qualquer tipo de indemnização, porque o que aqui está em causa é um interesse público fundamental e um prejuízo de muitos anos para as populações, em particular do concelho de Loures. Não há nenhuma razão para o próximo Governo não reverter esta decisão inqualificável e que tanto prejudica o interesse público”, esclareceu o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares.  

Apesar da Parpública ter dado como concluída esta operação, Bernardino Soares acredita que ainda é possível reverter a situação: “Basta haver vontade política. Nós vamos continuar a intervir no plano judicial, vamos recorrer desta decisão para o Tribunal da Concorrência, porque consideramos que nem deste ponto de vista ela reuniu os requisitos para fundamentar uma decisão de não oposição. Mas independentemente da questão judicial, que continuará por decidir nos próximos meses, o mais importante aqui é a questão política e o que nós queremos é que os partidos se comprometam, se tiverem responsabilidades governativas, a reverterem esta decisão tão negativa para as populações e para os municípios, como bem demonstrou a unanimidade dos municípios a contestarem este processo de privatização”. 

Do ponto de vista do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do SUL (SITE Sul), um dos membros da ‘Plataforma em defesa da Valorsul como empresa pública’, esta decisão só irá agravar a precaridade no trabalho, mas conforme referiu Mário Matos “nós não vamos baixar os braços e vamos lutar para reverter toda esta situação”.

Já António Almeida, da ADAL – Associação de Defesa do Ambiente de Loures, também ela membro da mesma plataforma, acrescentou que do ponto de vista ambiental, “além do caderno de encargos não cumprir as normas europeias do PERSU, está ainda previsto um desinvestimento na manutenção, o que faz desta privatização uma catástrofe ambiental”.