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6 dezembro a 24 janeiro

Sagrado profano


Galeria Municipal do Castelo de Pirescouxe
Santa Iria de Azóia
 

Exposições

 

Sagrado, do latim “sacratu”, refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso, por ter uma associação com uma divindade ou com objetos considerados divinos.

Concretamente, a manifestação do sagrado, pode ser materializada numa montanha, ser reconhecida numa nascente de água limpa, numa pedra colossal, numa árvore centenária ou num objeto invulgar, natural ou manufacturado, geralmente percebida por um intérprete profético que revela a coisa ou objeto e o destaca do espaço material, transpondo-a para o espaço sagrado.

No mundo arcaico, sacralizado, o entendimento dos fenómenos materiais e espirituais tendia a criar uma dicotomia entre o sagrado e o profano.

Consoante a alteração da maneira de pensar do poder dominante, o profano podia tornar-se sagrado e o sagrado podia ser desconsagrado. A sacralidade arcaica politeísta, expressada em muitos deuses e a diversificação e a expansão do conhecimento secular e científico, curiosamente, foram paralelos mas em sentido inverso. Quanto mais áreas de conhecimento, menos deuses específicos, culminado no deus único e por fim, até na abolição de Deus. Decretada a sua morte e confirmada a sua obsolescência, o materialismo, tomou o seu lugar.

O mundo actual está dessacralizado e a religiosidade quando existe mantem-se mais por hábito ou por conveniência de poder do que por necessidade espiritual. Esse equívoco e essa ausência de necessidade só se desfazem em situações limite, de sofrimento ou de morte eminente.

É então que cada um se reencontra com o deus da sua necessidade e descobre o que uns chamam mistério, outros, fé e outros não nomeiam.

A exposição presente é uma reflexão sobre essa ausência de sacralidade e questiona que valores preservar para o tempo futuro, sejam eles religiosos, éticos ou simplesmente do foro íntimo.

Enquanto intérpretes e testemunhas do valor do que é efémero, observadores do momento em que vivemos, sentimos a necessidade de revelar, objetos, memórias, emoções, com o respeito que se dedica ao que é sagrado.

 



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